25 fevereiro 2007

Uma viagem ao Japão

Confira abaixo um dos textos do livro As Histórias Preferidas das Crianças Japonesas - Volume I:


A Aranha Tecelã (volume 1)

Divulgação

Certa vez, um jovem camponês chamado Yosaku estava trabalhando nos campos quando viu uma cobra prestes a comer uma aranha. Yosaku sentiu pena da aranha, então correu com sua enxada em direção à cobra e a afugentou.

A aranha desapareceu no mato, mas antes deu a impressão de parar por um instante e se inclinar agradecida diante do jovem camponês.

Uma manhã, pouco tempo depois de ter salvo a aranha da cobra, Yosaku estava em sua casa quando ouviu uma voz fininha chamando do lado de fora:

Tio Yosaku!

Ele abriu a porta e viu uma bela garota ali parada.

Ouvi dizer que você procura uma tecelã. Não gostaria de me deixar viver aqui e tecer para você? - perguntou a garota.

Yosaku ficou muito satisfeito pois ele realmente precisava de alguém para lhe ajudar. Ele mostrou o quarto de tecelagem à garota, que começou a trabalhar com algodão no tear. No final do dia, Yosaku foi ver o que ela tinha feito e ficou muito surpreso ao notar que ela havia tecido oito longas peças de roupa, o suficiente para fazer oito quimonos. Ele nunca tinha ouvido falar de qualquer pessoa que tecesse tanto em um único dia.

- Como conseguiu tecer tantas peças de roupa? - ele perguntou à garota.
Mas, em vez de respondê-lo, ela disse:

Você não devia me perguntar isso. E jamais deve ir até o quarto de tecelagem quando eu estiver trabalhando.

Yosaku, no entanto, ficou muito curioso. Um dia ele foi silenciosamente até o quarto de tecelagem e espiou pela janela. E o que ele viu realmente o surpreendeu! Não era a garota que estava sentada no tear, mas uma grande aranha, tecendo muito rapidamente com suas oito pernas. Para isso, ela usava sua própria teia de aranha, que saía de sua boca.

Yosaku olhou novamente e viu que aquela era a mesma aranha que ele tinha salvado da cobra. Então compreendeu tudo. A aranha tinha ficado tão grata por sua ajuda que quis fazer algo para retribuir. Assim, ela se transformara em uma bela garota para ajudá-lo a tecer. Ao comer o algodão que estava no quarto de tecelagem, ela era capaz de fabricar o fio como se fizesse uma teia, e podia tecer as peças de roupa muito, muito rapidamente.

Yosaku ficou muito agradecido à aranha por sua ajuda. Ele viu que o algodão estava quase acabando e, no dia seguinte, saiu para o vilarejo mais próximo, no outro lado das montanhas, para comprar mais. Ele comprou um grande saco de algodão e se pôs a caminho de casa, carregando o algodão em suas costas.

No caminho, algo terrível aconteceu. Quando Yosaku sentou-se para descansar, a mesma cobra que ele tinha afugentado no momento em que atacava a aranha se aproximou e entrou furtivamente no saco de algodão. Porém, Yosaku não percebeu nada. Ele carregou o algodão até sua casa e o entregou à garota.

Ela ficou muito satisfeita com o algodão, porque já tinha usado todo o restante. Assim, pegou o saco e o levou para o quarto de tecelagem.

Logo que entrou no quarto, a garota se transformou em aranha e começou a comer o algodão, com a intenção de transformá-lo em fio. A aranha comeu, comeu e comeu, até que, de repente, a cobra saltou do meio do algodão diretamente sobre ela!

A cobra abriu sua boca o mais que pôde para engolir a aranha. A aranha ficou muito assustada e pulou para fora da janela, mas a cobra rastejou em seu percalço. Porém, a aranha tinha comido tanto algodão que não podia correr rapidamente, e a cobra logo a capturou. Mas, nesse momento, uma coisa maravilhosa aconteceu.

O Velho Homem do Sol, lá do céu, vinha assistindo a tudo o que estava acontecendo. Ele sabia o quanto a aranha tinha sido bondosa com Yosaku e sentiu muita compaixão pela pobre aranha. Desse modo, o Sol estendeu seu raio para agarrá-la, lá embaixo. Ele pegou o final da teia que saía da boca da aranha, e cuidadosamente foi levantando até bem alto no céu, onde a cobra não podia alcançar. A aranha ficou muito agradecida ao Velho Homem do Sol por tê-la salvado da cobra. E, assim, ela usou todo o algodão dentro de seu corpo para tecer muitas nuvens bonitas e macias.

Dizem que essa é a razão pela qual as nuvens são brancas e macias feito algodão, e também o motivo de as palavras aranha e nuvem, em japonês, serem chamadas de “kumo”.

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